terça-feira, 26 de março de 2024

José Mateus Zecamutchima retratando a luta pela Autonomia Lunda Tchokwe

 

 Coube-nos a missão e visão de conduzir a luta pela Autodeterminação do povo Lunda Tchokwe, uma emanação histórica desde o século XIX quando os nossos antepassados se bateram corajosamente para vergar a potência Europeia, por si mais civilizada ao longo de séculos de historia e de conquistas militares, políticas, econômicas e cientificas.

Foi sem sombra de duvidas, uma honra estarmos na linha da frente, os primeiros no mundo globalizante a enfrentar as intempéries de regimes ditatoriais e tirânicas do presente. Foi uma honra representar os milhões de povos e etnias do nosso mosaico étnico linguístico Lunda Tchokwe, com todos os riscos representados, com coragem, com sacrifício e determinação.

Não tem sido fácil...mas a luta continua, chegaremos.

Não tem sido fácil no meio do matacal de diversas ideias para consolidar as conquistas já alcançadas e manter a organização política com lobos, cobras, largados, escorpiões, espiões, traições, envenenamentos e o desconhecido.

Não tem sido fácil no meio de mitos, da mentira, das intrigas e de calúnias e, sobretudo de uma poderosa campanha maquiavélica de desinformação bem ao jeito dos serviços secretos do regime colonial angolano pata ludibriar muitos inocentes, apreendizes políticos que ao mesmo tempo são gente corajosa, combatentes da primeira linha de liberdade a quem homenageamos hoje.

Não tem sido fácil consolidar a disciplina política de uma organização seria que já ultrapassou as fronteiras Africanas para se impuser no xadrez político internacional, sobretudo no Ocidente.

Aos seus membros, simpatizantes e amigos, sem um compromisso claramente assumido, não será possível alcançar a liberdade a curto termo, nem construir uma frente comum que conquiste a adesão dos milhões de filhos Lunda Tchokwe.

Temos respeitabilidade para com a comunidade internacional, um atributo que nos conferirá a continuidade e a permanência do Movimento do Protectorado Português como a mais expressiva manifestação dos anseios pela instauração da Autodeterminação do Povo Lunda Tchokwe.

Não obstante as dificuldades, econômico financeiros, obstáculos e impasses políticos, criados pelo regime Angolano acerca da “Questão Lunda” em não dialogar e reconhecer a nossa independência por via de uma ampla autonomia, o nosso povo sabe que poderão contar sempre com o MPPLT, pois somos fieis aos nossos princípios éticos e morais e depositaria dos sonhos de Liberdade, Justiça e Progresso futuro da Nação Lunda Tchokwe.

Não fosse esse ideário da Liberdade, da Justiça e do Progresso futuro que nos move no dia a dia, esse direito de sermos livres e independentes, um direito natural da nossa historia recente, não estaríamos aqui imparciais de consciência, apelando sem aversão os homens de bem a lutarmos juntos pelo nacionalismo Lunda Tchokwe para que as futuras gerações não venham a nos condenarem.

O nosso escudo natural é o nacionalismo, por norma um direito natural de um individuo, uma norma e condição imposta por leis da natureza a grupos de pessoas ou de animais, em um determinado espaço geográfico limitado, conhecido como “Habitat Restrito” coabitando juntos, definindo-se por uma cultura, hábitos, uma língua e uma tradição próprias, que nos mobiliza a partir de um patriotismo para defender.

É o que incontestavelmente o povo Lunda Tchokwe esta a fazer, a defensa da consciência nacionalista do seu território usurpado, da sua nação e do seu estado, das suas raízes seculares consanguíneos, da sua cultura, dos seus costumes, do solo pátrio e de cordão umbilical por terem ai nascidos e de seus antepassados que jazem naquela terra por vontade “DIVINA”.

A presença outrora dos colonialistas Europeus em África, na Ásia e América Latina, o extermínio dos Índios nos Estados Unidos de America, a desunião dos povos da Europa Ocidental e Central e consequente fixação de outros povos ali, foi por culpa e da ausência da consciência nacionalista.

O Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe, desde a sua fundação, continua a defender a coesão do nosso povo em torno desta nobre causa com acções pacificas e de diálogo com autocracia reinante de muitos dos filhos de Angola que deixaram de ser Africanos.

O Movimento do Protectorado Português da Lunda Tchokwe considera que a guerra, qualquer que seja os objectivos para atingir, apenas servirá para desculpas por parte do regime do MPLA de Angola na Lunda Tchokwe.

A guerra servirá de desculpas para perpectuar o sofrimento do nosso povo, tirando lhes a possibilidade do desenvolvimento, mergulhando lhes na miséria, na pobre extrema e mantendo lhes no obscurantismo como até agora.

Ainda temos alternativas para o alcance da nossa liberdade, mesmo que o governo do MPLA não aceita as propostas pacificas da nossa organização política, a guerra seria ultimo recurso talvez esgotados que forem esforços diplomáticos.

O Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe assume-se como uma organização “Nacionalista democrática”, em defesa de um nacionalismo não radical, não xenofóbica, compatível com valores de liberdade, de tolerância, de igualdade e de direitos individuais.

Conscientes de que os ideais do nacionalismo democrático e liberal influenciaram o desenvolvimento da  democracia representativa em países como os Estados Unidos da América, França, Inglaterra e o no Reino da Escócia.

Subscrevemos a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.

O verdadeiro filho Lunda Tchokwe de sangue, corpo e alma, consciente do seu nacionalismo, não pode aceitar por qualquer pretexto, defender a ocupação colonial da nossa terra, não pode aceitar por qualquer pretexto, por ser Ministro, por ser Governador, por ser General ou Embaixador ao serviço do regime ocupacionista ver o seu irmão a ser humilhado, a morrer ou a ser morto, lembrem-se do MOISES no Egipto do Faraó.

Não podemos contribuir pelo nosso próprio desaparecimento da faixa da terra e dar fim da nossa historia ou de permitir a invasão e anarquia estrangeira de que temos vindo assistir nos últimos anos.

“O livro das origens” a Bíblia Sagrada, o “Genesis”, é o registro das origens do nosso Universo, do gênero humano, do pecado, da redenção, da vida em família, da corrupção em sociedade, das nações, dos diferentes idiomas, da raça hebraica etc., e da história da humanidade ao longo dos séculos conforme a vontade divina - “O DEUS”.

O livro de Genesis, diz no seu versículo 1º - No principio criou Deus o céu e a terra; no versículo 14º haja luminares no firmamento do céu, para fazer separação entre o dia e a noite, sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos; no versículo 27º Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

Toda a verdade material, espiritual ou de outra índole, tem sempre um principio um começo. Este texto que estas a ler mostra imagens da nossa luta por escrito, desde o ano de 2006, expõe de modo explicito e contundente o caminho trilhado até aqui, são provas irrefutáveis para o alcance da nossa autodeterminação no contexto das Nações livres.

 Este texto constitui também um convite para os filhos Lunda Tchokwe, sobretudo a juventude a refletirem e tomarem consciência do quão é importante o seu engajamento nas fileiras do MPPLT para a luta comum do resgate da nossa dignidade.

A mensagem é das mais profundas expectativas e esperanças da nossa persistência de vencer, da lógica e da racionalidade dos sentimentos de amor pela nossa terra, pela dignidade e respeito pelo nosso reino Lunda Tchokwe, pela sua cultura, usos e costumes e pela solidariedade com o povo sob jugo colonial.

A Lunda Tchokwe esta viva, o sonho sonhado e projectado por muitos ainda esta de pé não caiu para as mãos da ralé dos usurpadores e autocráticos.

Uma palavra para a juventude Lunda Tchokwe deve desenvolver a capacidade de indignação colectiva perante os abusos sistemáticos que se cometem contra a nossa população indefesa e que afrontam toda a sociedade.

Os interesses econômicos internacionais e patrimoniais do regime Angolano na Lunda não podem subjugar, por muito mais tempo, a vontade suprema de todo um povo. O Governo de Angola não tem como justificar as mortes sistemáticas, os abusos sistemáticos, as arbitrariedades e cadeias injustificáveis que se cometem contra a nossa população.

Não podemos ficar calados eternamente. Bebe que não chora não mama, quem não reclama esta sujeita às humilhações e abusos contínuos.

A juventude é a faixa etária com maior número de filhos Lunda Tchokwe, ela precisa estar presente em todas as instâncias de necessidades da vida do povo para enfrentar os desafios existentes e ter condições de criar bases no futuro próximo para o desenvolvimento do país Lunda.

Uma Lunda sem empregadores e empregos para a juventude, uma lei para combater o garimpo, significa que, vamos assistir um carnaval de assassinados e mortes gratuitos acompanhados de severas impunidades aos algozes das chacinas anunciadas legalmente e aprovadas na ASSEMBLEIA NACIONAL DE ANGOLA.

Por isso, é fundamental que a nossa juventude se organize, participe diretamente da política, se emancipe e pratique a democracia participativa, é urgente, precisamos resgatar a nossa dignidade e construirmos uma Nação Justa rumo ao Progresso social diferenciado.

Cronologia de alguns dos factos na Lunda 1884 - 1894

Capitulo III – A Evolução Política da África e a Lunda (1884-1891), pgs 105; A Delegação de Portugal a conferência de Berlim, pgs126; Tratado de Protectorado entre Portugal e Mona Samba (Capenda) pgs 285; Tratado de Protectorado celebrado entre Portugal e Caungula (Xá Muteba) pgs 289; Auto de eleição do Embaixador a enviar a Luanda a solicitar a ocupação e a soberania de Portugal na Lunda, pgs 293; Tratado de Protectorado celebrado entre Portugal e Tchissengue e seus Muananganas (Quiocos), pgs 299; Tratado de Protectorado entre Portugal e Muatianvua Ambiji, superior dos Calambas, pgs 305; Tratado de Protectorado entre Portugal e a Corte do Muatianvua, pgs 309; Auto de concessão da Bandeira Nacional Portuguesa a Mona Quissassua (Quioco), pgs 305;

CAPITULO VII – A delimitação de fronteiras (1891 – 1894), pgs 251; O Comissário Português e a delimitação no terreno, pgs 262; A DELIMITAÇÃO das fronteiras da Lunda, pgs 265 ; Cândido Sarmento e George Grenfell, a delimitação no terreno, pgs 266; Acta dos trabalhos de delimitação, pgs 269; A ratificação da Acta de 26 de Julho de 1893, pgs 271.

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

CONFERÊNCIA DE BERLIM 1884 – 1885 E AS INDEPENDENCIAS DE PAÍSES EM AFRICA

    Entre Novembro de 1884 e Fevereiro de 1885 realizou-se em Berlim uma conferência que viria a ficar conhecida como a Conferência de Berli...